terça-feira, 27 de outubro de 2015

SOCIETY

Em tempos de socialites na berlinda, tendo aulas de tênis nos Estados Unidos mas aprendendo a sacar só na Suíça, as duas matérias abaixo não têm qualquer relação com o mais recente caso de amor entre um notório ladrão e uma bela loura bem mais nova que o marido, exposto por tabela hoje na mídia, a reboque de denúncias de corrupção com direito a extratos bancários, passaportes, assinaturas, fotos e qualquer outro tipo de prova que se possa imaginar, de tão escancarado que é o caso. Qualquer semelhança entre as duas histórias, portanto, não passa de coincidência.

A primeira das duas matérias foi assinada também pela Vivianne Cohen. A primeira das fotos é do Bruno Ryfer. A outra é do André Durão. 

Revista Istoé Gente, edição 45, de 26 de julho de 2000

 "Saio de cabeça erguida e volto quando quiser".

As festas da sociedade emergente da Barra da Tijuca, no Rio, não serão mais as mesmas. Depois de aparecer como um furacão nas colunas sociais, a socialite Ariadne Coelho, 33 anos, sucumbiu às denúncias de que grampeou telefones de outros emergentes e às acusações de que o marido, o empresário Jair Coelho, 69, enriqueceu ilegalmente fornecendo quentinhas para presídios do estado do Rio de Janeiro. Dizendo-se vítima das maldades de quem a inveja, Ariadne anunciou na terça-feira 6 sua retirada dos salões e a interrupção de projetos que acalentava, como montar um centro de estética, engarrafar a champanhe Ariadne C e ter um programa de televisão.
Para a tevê, chegou a contratar uma equipe de cem profissionais e gravou um programa-piloto num cenário duas vezes maior que o de Hebe Camargo, do SBT. "Saio de cabeça erguida e volto quando quiser", disse. O enredo de intriga, ciúme, espionagem e traições envolvendo a sociedade emergente da Barra começou em abril, quando o promotor de eventos Rubens Monteiro Júnior registrou queixa na 16a DP contra Ariadne. Ele a acusou de ter grampeado suas ligações telefônicas, como retaliação da socialite por não ter sido convidada para uma de suas festas. No mesmo mês, a "rainha das quentinhas", como é conhecida, sofreu um atentado: seu Mercedes-Benz foi atingido por dois tiros.
Na terça-feira 30, mais um ingrediente foi acrescentado à confusão: uma suspeita de adultério. Intimada a depor no inquérito que investiga o atentado, Ariadne acusou o marido de ter instalado escuta telefônica na casa do empresário Alexandre Martins, procurador do craque Ronaldinho. Seu objetivo seria provar um suposto romance de Ariadne com Martins. Jair confirma que foi incentivado a tentar o flagrante pela ex-secretária e ex-melhor amiga de Ariadne, Thelma Cabral. O rei das quentinhas admitiu que chegou a suspeitar da mulher, com quem está casado há seis anos e em quem hoje diz confiar. "Thelma não conseguiu que eu pedisse o divórcio ou tivesse um infarto", disse Jair. Encarregado do caso, o delegado Napoleão Salgado prefere acreditar que Ariadne foi vítima de tentativa de homicídio. "Descartei a possibilidade de ter sido armação do casal. A hipótese mais provável é que foi um atentado", afirma Napoleão. 
Não satisfeitos, Ariadne e Jair introduziram um novo personagem na novela emergente, durante a entrevista coletiva que concederam na terça-feira 6. Trata-se da babá Vandete de Melo Ribeiro, indicada por Thelma para cuidar dos três filhos de Ariadne. O casal apresentou uma carta de duas páginas da empregada, onde está escrito que a ex-secretária de Ariadne costuma usar o marido, o artista plástico Jefferson Cabral, para se aproximar dos milionários.
Enquanto o escândalo se arrasta, o rei das quentinhas, dono de um patrimônio de US$ 70 milhões, está prestes a perder sua majestade. Seu principal contrato com o governo do Rio de Janeiro, que prevê o fornecimento de refeições em pratos de alumínio para 21 mi presos e lhe rende R$ 900 mil mensais, deve ser cancelado por irregularidades.
Na mesma entrevista coletiva, Ariadne, que sempre resistiu em falar sobre seu passado, fez chegar aos jornalistas um breve currículo. Nele, a mineira de Governador Valadares preza suas origens. Em Belém, onde foi morar com a família quando tinha cinco anos, ela estudou no Colégio Nossa Senhora de Nazaré, "tradicional educandário da elite local", informa a biografia. No Rio, para onde se mudou em 1987, por influência da prima, a socialite Krystel Biancco, "retomou seus estudos de inglês no Britannia". Ainda de acordo com seu currículo, Ariadne teria embarcado para a Suécia em 1991, para "estudar francês". Seu pai, fazendeiro, teria lhe proporcionado "uma vida de classe média alta", continua o texto.
De fato, quando morou em Imperatriz (MA), em 1982, a família mantinha um bom padrão de vida. "Eles moravam numa das melhores casas da cidade", confirma a colunista social Leônia Santos Souza, do jornal O Estado do Maranhão. Adolescente, Ariadne e uma irmã, Alessandra, voltaram a Belém, onde trabalharam como modelo. "Ela (Ariadne) se destacava porque era mais atirada", conta Cleide Silva, que trabalha no estúdio Reinaldo Silva Júnior, para o qual Ariadne possou. Agora auto-exilada dos holofotes, a emergente pode ter submergido de vez.

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Revista Istoé Gente, edição 95, de 28 de maio de 2001

“É um momento de dor para a minha família. Uma separação não é fácil para ninguém, e não quero fazer da minha um espetáculo”.

Depois de ser preso em agosto do ano passado, acusado de falsidade ideológica, formação de quadrilha e uso de documentos falsos para manter o monopólio da venda de quentinhas nos presídios do Rio de Janeiro, o empresário Jair Coelho, 70 anos, terá de se preparar para mais uma batalha jurídica. Desta vez, a disputa será com Ariadne Coelho, a bela loura de 33 anos que virou um dos ícones da sociedade emergente da Barra da Tijuca, com quem dividia o mesmo teto desde 1994.
Na quinta-feira 17, Ariadne saiu da mansão do casal acompanhada dos três filhos e de uma frota de táxis, necessária para levar seus pertences pessoais até o luxuoso apartamento de 800 metros quadrados do casal, no condomínio Golden Green, no mesmo bairro.
Um dia antes de sair de casa, a loura conseguiu uma liminar na Segunda Vara de Família da Barra que lhe garantiu a guarda dos três filhos -- Jorge Antônio, 8, fruto de um relacionamento anterior, e os gêmeos Tiffany e Jairzinho, 4, gerados graças à inseminação artificial -- e proibiu o ex-marido de se aproximar de toda a família. “Meu momento agora é de ficar reclusa. Estou voltada para meu lado maternal”, disse Ariadne.
A justificativa para a separação, segundo ela, é a suposta mudança de comportamento do empresário desde que saiu da prisão, em setembro de 2000. Segundo Ariadne, Jair perdeu o interesse nela e virou um homem agressivo, que chegou a “matar um pequeno animal a pontapés na frente dos filhos”. Orientada pelos advogados Sérgio Sender e Ary Bergher, Ariadne deixa escapar pouca coisa. “É um momento de dor para a minha família. Uma separação não é fácil para ninguém, e não quero fazer da minha um espetáculo.”
A possibilidade de reconciliação com o empresário é difícil. A primeira audiência na Justiça está marcada para o dia 19. Até lá, a socialite já estará freqüentando o curso de direito numa faculdade particular. Outra liminar concedida na quinta-feira 17 lhe garantiu uma pensão provisória de 100 salários mínimos mensais (R$ 18 mil) para cada um dos três filhos. Mas Ariadne não vai parar por aí. Quer sua fatia no patrimônio de Jair, avaliado em R$ 150 milhões.