quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MOÇA DA CAPA - A LOUCA

Dizem que ela é mitômana, que adora mentir. Dizem também que é meio louca, no melhor dos sentidos. Já namorou bastante, mas, pelo que se sabe, está há um tempo razoável com o Roger, ex-jogador de futebol. Ou não, sei lá. Na época da entrevista, ela estava com outro, mas não quis falar o nome dele. De jeito nenhum.

A matéria abaixo foi assinada também pela Nina Arcoverde Mansur, e as fotos, menos a última, são do André Durão.

Revista Istoé Gente, edição 249, de 17 de maio de 2004

“Já escrevi um romance, dois policiais, umas 300 poesias e estou escrevendo um livro infantil”.

Na sala de sua casa no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, Deborah Secco parece determinada. Aceita dar entrevista, posa para fotos, mas avisa: falar sobre o atual namorado, Marcelo Falcão, vocalista da banda O Rappa, nem pensar. E foi sem tocar no nome de Falcão que, na quinta-feira 6, recebeu da secretária a última edição de uma revista masculina. Folheou uma entrevista do namorado, chamou-o de lindo enquanto acariciava sua foto, sussurrou um singelo “eu te amo”, beijou a imagem de Falcão na revista sobre a mesa de jantar e voltou saltitando para a sessão de fotos. Tudo sem pronunciar seu nome.
Tem sido assim, contraditória, a nova fase da atriz de 24 anos. Ao mesmo tempo em que evita falar sobre o tórrido romance iniciado há três meses, não consegue esconder a paixão que a tem feito ir atrás de Falcão até nos shows internacionais do Rappa, como a turnê nos Estados Unidos em abril. “Tenho pela primeira vez uma pessoa que eu admiro 100%, que quero 100%, tudo 100%. Não tem aspecto que deixe a desejar”, afirma a atriz, que para acompanhar o músico aos EUA faltou ao lançamento de sua boneca em São Paulo e mudou seu roteiro de gravação na novela.
Da disposição em evitar declarações sobre a relação que a fez tatuar, com um mês de namoro, a frase ‘Falcão, amor verdadeiro, amor eterno’ no pé direito, a atriz só consegue manter a determinação em não falar no nome do namorado. De resto, entrega tudo. “Como mulher, sou feliz como nunca fui. Pela primeira vez sinto ter um homem ao meu lado”, diz. Com delicadeza, a atriz, ex-mulher do diretor da Globo Rogério Gomes, atenua o impacto dos romances com Maurício Mattar, Marcelo Faustini, e os recentes Dado Dolabella e Marcelo Faria.
A nova relação parece ter o poder de fazer Deborah revelar características que até hoje ninguém conhecia. Primeiro, ela garante: nunca foi namoradeira. “Sou recatada para a minha idade. Sou incapaz de passar a noite com um cara sem saber se no dia seguinte vou poder ligar pra ele. Isso não existe”, afirma. Outra novidade: Deborah Secco, alvo de fotógrafos onde quer que vá, principalmente nos shows do Rappa, odeia aparecer. “Nunca quis ser famosa, sempre quis ser atriz”, garante a intérprete da espevitada Darlene na novela Celebridade. Pela carreira, faz concessões como pintar o cabelo de uma cor que tanto a associa com a imagem de sexy. Um equívoco, segundo ela. “Odeio ser loura, mas se a maioria das meninas como a Darlene pinta o cabelo de louro, ok, vamos pintar.” Jogar por terra a idéia de que gosta de roupas sensuais, de grife, é outro de seus objetivos. “De dia, uso bermuda do meu irmão e chinelo”, diz a dona de um closet exclusivo para calçados organizados por cor e estilo.
Para os amigos, a atriz está mais madura desde o fim de seu namoro com Dado, em outubro do ano passado. “Vejo a Deborah mais forte, diferente até na escolha do namorado. O Falcão não é ligado a esse mundo de fama e aparências”, diz a produtora de eventos Joana Braga, melhor amiga da atriz. A colega de elenco Juliana Paes faz coro. “Ela está mais segura de quem é e do poder que tem para influenciar as pessoas”, diz ela, a Jaqueline Joy de Celebridade.
Longe de uma possível rivalidade alimentada até no desfile das escolas de samba do Rio, quando as duas foram consideradas musas do Carnaval, as amigas compartilham uma coincidência. Ambas começaram a namorar no mesmo dia: 13 de fevereiro, num evento musical no Rio. “Nem vi a Deborah lá, mas foi o dia que conheci meu namorado (o empresário Carlos Eduardo Batista) e ela encontrou o Falcão”, lembra Juliana. A amiga só se preocupa um pouco com o jeito impulsivo da namorada do líder do Rappa. “Vejo ela falando que quer casar, ter filhos. Tenho medo por ela, digo para esperar um pouco.”
Deborah pode até tentar, mas não consegue deixar de repetir os planos que já fez durante antigos e recentes relacionamentos. “Não vou desistir de ter uma pessoa para envelhecer comigo”, conta. O maior sonho da atriz, portanto, permanece intacto, e não é diferente do da maioria das mulheres. “Quero muito casar na igreja, ser eternamente fiel ao meu marido, cozinhar, lavar, ter filhos”, diz. Enquanto isso não acontece, ela curte os momentos em que está sozinha em seu home theater incrementado com um tapete felpudo, ou na banheira de ofurô ao lado da piscina da casa que decorou pessoalmente, após se separar de Rogério, em 2001.
É sozinha que a atriz exercita um outro lado desconhecido: o de escritora. “Já escrevi um romance, dois policiais, umas 300 poesias e estou escrevendo um livro infantil”, informa. Mas a produção, que em termos de quantidade causaria inveja a qualquer escritor, deve permanecer desconhecida do público. “Não vou publicar. O Brasil não gosta de quem faz mais de uma arte”, justifica a atriz, que, após estrear no cinema em A Cartomante, fará o próximo filme de Jorge Furtado, Meu Tio Matou um Cara.
Realizada na vida profissional, a filha de Silvia Secco tem seguido os ensinamentos que aprendeu com a mãe graças a uma tragédia familiar. Quando Deborah tinha 1 ano, sua irmã Ana Luiza, na época com 5, morreu de complicações decorrentes de um choque anafilático. O trauma acabou dando à família uma nova filosofia de vida. “A vida é curta. Sempre preferi que meus filhos fizessem tudo”, diz a mãe de Deborah, Bárbara, 23, e Ricardo, 31. A filha mais famosa concorda. “Sou mais uma menina de 24 anos tentando viver uma vida comum”, diz ela. 
E na vida comum a atriz garante que já está realizada, graças, sobretudo, ao namorado. “Não quero desmerecer quem passou pela minha vida, mas independente do futuro, só por ter achado essa pessoa especial já valeu. No quesito amor, já me dou por satisfeita. Podia morrer amanhã que morreria feliz”, diz ela, sem citar o nome de Falcão, lógico.