O jornal agoniza mas não morre, ainda. Ainda se divide o corredor de entrada com os rolos enormes de papel, ainda está lá a rotativa, apitando, trabalhando sem parar, fazendo todo tipo de panfleto e jornalzinho alternativo pra faturar mais algum por fora, e ainda existe a redação, a dois lances de escada da rotativa, de onde se vislumbra a rotativa por trás de vidros embaçados e de onde se escuta os apitos e as engrenagens da rotativa parindo o jornal aos milhares, poucos milhares, porque o jornal não morre mas agoniza, agoniza e vai deixar o prédio histórico, da grande revista, a maior do país durante décadas, de onde repórteres e fotógrafos viajavam para qualquer parte do planeta, pra qualquer grotão do país, sempre em busca da grande matéria.
Hoje não se busca mais a grande matéria. Texto? Pra quê? Busca-se o grande cargo, o poder de mandar em cada vez mais gente, a capacidade de gerar dinheiro, de manter lucrativa a super empresa, o super jornal, que distribui às centenas de milhares, às vezes milhões, as vontades de seus donos, o pensamento único salpicado nas mais diversas editorias, na política, na economia, no esporte. Vende-se muito, anuncia-se mais ainda e o dinheiro jorra, mas nem um pingo pro jornal que agoniza, não morre e noticia com todo o otimismo o vislumbre de muitos investimentos, de muita grana rondando por aí, ainda que a única consequência disso, para o velho jornal, seja a necessidade de se mudar, de deixar o prédio histórico da grande revista sem nem saber para onde vai. Que os rolos gigantes de papel continuem ocupando metade do corredor de entrada, e que a redação continue em volta da rotativa, perto de seus apitos e ruídos, ainda que este seja um sonho praticamente impossível.
O texto abaixo não foi assinado. Saiu com um discreto Da Redação em cima, e um mais discreto ainda Com agências entre parentêses, lá no pé.
Jornal do Commercio, edição de segunda-feira, 5 de outubro de 2009.
"É o marco de um processo de transformação que vai se materializar por grandes investimentos".
A festa pela escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 não foi apenas pelo valor histórico dessa vitória, que fará do Rio a primeira cidade da América do Sul a receber uma Olimpíada. A comemoração que começou em Copenhague, na Dinamarca, na sexta-feira, e se estendeu por todo o Brasil também diz respeito aos investimentos que o País receberá por conta dos Jogos.


A revitalização da zona portuária deve receber R$ 200 milhões. O investimento na área de meio ambiente será de R$ 1 bilhão, com melhorias previstas para as lagoas da Zona Oeste e a Rodrigo de Freitas, além da recuperação dos parques naturais e do monitoramento da qualidade do ar e das praias. Para o setor hoteleiro, a candidatura do Rio prevê a construção de 48,2 mil quartos, sendo 13 mil leitos em hotéis, 25 mil em vilas, 1,7 mil em apart-hotéis e 8,5 mil em navios.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que a vitória da cidade do Rio de Janeiro é uma demonstração de que o País está sendo reconhecido internacionalmente e atingiu um novo patamar no cenário mundial. “O Brasil está hoje em outro patamar. Acima dos nossos problemas, passaram a ver nossas realizações e nosso potencial”. Dilma creditou a vitórias brasileira à liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à união entre as três esferas de governo.
“Temos que reconhecer também que temos a sorte de ter uma cidade como o Rio de Janeiro”, completou a ministra, que pretendeu fortalecer a Advocacia Geral da União (AGU) para garantir a transparência do uso dos recursos públicos na preparação para os Jogos.
