quinta-feira, 23 de agosto de 2012

AGONIA E ÊXTASE

O jornal agoniza mas não morre, ainda. Ainda se divide o corredor de entrada com os rolos enormes de papel, ainda está lá a rotativa, apitando, trabalhando sem parar, fazendo todo tipo de panfleto e jornalzinho alternativo pra faturar mais algum por fora, e ainda existe a redação, a dois lances de escada da rotativa, de onde se vislumbra a rotativa por trás de vidros embaçados e de onde se escuta os apitos e as engrenagens da rotativa parindo o jornal aos milhares, poucos milhares, porque o jornal não morre mas agoniza, agoniza e vai deixar o prédio histórico, da grande revista, a maior do país durante décadas, de onde repórteres e fotógrafos viajavam para qualquer parte do planeta, pra qualquer grotão do país, sempre em busca da grande matéria.

Hoje não se busca mais a grande matéria. Texto? Pra quê? Busca-se o grande cargo, o poder de mandar em cada vez mais gente, a capacidade de gerar dinheiro, de manter lucrativa a super empresa, o super jornal, que distribui às centenas de milhares, às vezes milhões, as vontades de seus donos, o pensamento único salpicado nas mais diversas editorias, na política, na economia, no esporte. Vende-se muito, anuncia-se mais ainda e o dinheiro jorra, mas nem um pingo pro jornal que agoniza, não morre e noticia com todo o otimismo o vislumbre de muitos investimentos, de muita grana rondando por aí, ainda que a única consequência disso, para o velho jornal, seja a necessidade de se mudar, de deixar o prédio histórico da grande revista sem nem saber para onde vai. Que os rolos gigantes de papel continuem ocupando metade do corredor de entrada, e que a redação continue em volta da rotativa, perto de seus apitos e ruídos, ainda que este seja um sonho praticamente impossível.

O texto abaixo não foi assinado. Saiu com um discreto Da Redação em cima, e um mais discreto ainda Com agências entre parentêses, lá no pé.

Jornal do Commercio, edição de segunda-feira, 5 de outubro de 2009.


"É o marco de um processo de transformação que vai se materializar por grandes investimentos".

A festa pela escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 não foi apenas pelo valor histórico dessa vitória, que fará do Rio a primeira cidade da América do Sul a receber uma Olimpíada. A comemoração que começou em Copenhague, na Dinamarca, na sexta-feira, e se estendeu por todo o Brasil também diz respeito aos investimentos que o País receberá por conta dos Jogos.
A princípio, a previsão é de que o Rio receba R$ 28,8 bilhões para organizar sua Olimpíada. Além disso, a expectativa é de que sejam gerados dois milhões de empregos no País até 2027: 120 mil postos de trabalho por ano até a realização dos Jogos e 130 mil anuais a partir de 2016. Em Copenhague, a alegria levou às lágrimas o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, além do presidente do Comitê da candidatura Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman.Dentro dos investimentos previstos para os Jogos estão os US$ 13,92 bilhões (R$ 24,76 bilhões) do projeto apresentado pela candidatura brasileira no Comitê Olímpico Internacional (COI). Desse total, 72% correspondem ao orçamento destinado a obras de infraestrutura, incluindo as reformas do aeroporto internacional da cidade e do metrô, e R$ 7 bilhões já estão em execução no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outros R$ 7 bilhões serão investidos até 2014 e o restante até 2016, também em áreas como transportes, meio ambiente e segurança.
Entre os projetos para o sistema de transportes da cidade, que receberá R$ 1,4 bilhão, estão a criação de um sistema de ônibus articulado chamado BRT (Bus Rapid Transit), as obras para o Corredor T5, que ligará a Penha até a Barra da Tijuca, além de uma ligação que unirá o bairro de Deodoro à Barra da Tijuca. Ainda está previsto um projeto ligando o metrô da Barra da Tijuca ao Recreio dos Bandeirantes.
A revitalização da zona portuária deve receber R$ 200 milhões. O investimento na área de meio ambiente será de R$ 1 bilhão, com melhorias previstas para as lagoas da Zona Oeste e a Rodrigo de Freitas, além da recuperação dos parques naturais e do monitoramento da qualidade do ar e das praias. Para o setor hoteleiro, a candidatura do Rio prevê a construção de 48,2 mil quartos, sendo 13 mil leitos em hotéis, 25 mil em vilas, 1,7 mil em apart-hotéis e 8,5 mil em navios.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que a vitória da cidade do Rio de Janeiro é uma demonstração de que o País está sendo reconhecido internacionalmente e atingiu um novo patamar no cenário mundial. “O Brasil está hoje em outro patamar. Acima dos nossos problemas, passaram a ver nossas realizações e nosso potencial”. Dilma creditou a vitórias brasileira à liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à união entre as três esferas de governo.
“Temos que reconhecer também que temos a sorte de ter uma cidade como o Rio de Janeiro”, completou a ministra, que pretendeu fortalecer a Advocacia Geral da União (AGU) para garantir a transparência do uso dos recursos públicos na preparação para os Jogos.
Integrante da delegação que representou o Brasil na reunião do COI na Dinamarca, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, também comemorou a vitória do País. “O Bradesco parabeniza o Rio de Janeiro e o Brasil. Sou de uma geração de brasileiros que vivenciou o preconceito de que o futuro nunca chegaria por aqui. Rasgamos essa crença tola. A partir de agora, temos orgulho de pertencer ao mundo, com um projeto claro e definido de futuro”. O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) também comemorou a escolha do Rio. “É o marco de um processo de transformação que vai se materializar por grandes investimentos e maior inserção do Rio de Janeiro no contexto internacional. O Brasil ganhou com o Rio.”